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Atividades Fisiológicas da gestação

Dra. Carolina Curci

A gestação leva a diversas mudanças em vários sistemas do corpo da gestante. Estas mudanças são importantes na avaliação da paciente que será submetida à anestesia para o parto, pois o Anestesiologista deve entender que estas alterações podem mudar o desfecho, manuseio das drogas anestésicas e eventualmente ventilação mecânica em uma necessidade de anestesia geral. Vamos de maneira reduzida exemplificar tais mudanças:
 
1- Sistema Respiratório: a gestante aumenta o numero de respirações por minuto em 8-15% porém o principal para o Anestesiologista é lembrar que a capacidade residual funcional, algo como uma “reserva respiratória” diminui em torno de 25%. Isso implica em um tempo prático significativamente menor de manejo da via aérea em uma indução de anestesia geral.
 
2- Sistema Cardiovascular: a gestante tem um aumento de 15-25% na frequência cardíaca; o coração bate mais forte e mais rápido para manter o aumento das necessidades pelo feto (algo em torno de 40-50% a mais) além de um aumento na quantidade de hemácias que são as células que carreiam oxigênio para os tecidos em torno de 20%. Apesar do aumento das hemácias, existe também um aumento do volume sanguíneo total, levando a uma anemia por diluição das hemácias, por isso a gestante tende a ter uma anemia fisiológica durante a gestação.
 
3- Sistema Urinário: Há um aumento do fluxo de sangue para os rins com consequente aumento da taxa de filtração do sangue nos rins. Cerca de 20% das gestantes apresentam traços de proteína no exame de urina. Com a diminuição do espaço intra-abdominal no decorrer da gestação, as vias de saída de urina dos rins tendem a diminuir seu diâmetro, levando a estase desta e consequente aumento da chance de infecção urinaria.
 
4- Sistema Nervoso Central: o limiar de dor aumenta, ou seja, a paciente tende a sentir menos dor com estímulos comuns e necessita de incrementos desses estímulos para ter dor em níveis pé-gestacionais.
 
5- Coagulação: o corpo se prepara para a perda de sangue aguda que haverá durante o parto, ativando seus componentes para que a gestante entre num estado de rápida resolução de sangramentos. Apesar do risco diminuído de sangramento, aumenta a chance de eventos tromboembólicos.
 
Chegamos à conclusão que a natureza levou as gestantes a desenvolverem mecanismos de defesa e adaptação à gestação/parto. Todos os sistemas voltam aos seus parâmetros normais após o parto e tais alterações devem ser monitoradas pelo Obstetra durante o pré- natal para que sejam mantidos ou corrigidos caso algo anormal venha a acontecer.