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Gestantes em trabalho de parto com suspeita de coronavírus: como acompanhar?

Dra. Carolina Curci

Segundo as últimas atualizações do Covid-19 e gravidez, as mulheres gestantes não parecem ser mais suscetíveis às consequências da infecção pelo novo coronavírus do que a população em geral.

Os dados são limitados, mas deve-se considerar especialmente as mulheres grávidas com doenças concomitantes que possam estar infectadas com Covid-19 até que a base de evidências forneça informações mais claras. Até o momento, não existem mortes confirmadas em mulheres grávidas.

Coronavírus no trabalho de parto

As considerações a seguir se aplicam às mulheres em trabalho de parto espontâneo ou induzido de acordo com a última publicação do Royal College of Obstetricians & Gynaecologist (RCOG):

  • Quando uma gestante com suspeita ou confirmação para Covid-19é admitida na sala de parto, e equipe multiprofissional deve ser informada (obstetra, anestesista, doula, neonatologista e enfermeira responsável);
  • Devem ser feitos esforços para minimizar o número de funcionários que entram na sala e as unidades devem desenvolver uma política local especificando as pessoas que atuarão nos cenários de emergência;
  • Os parceiros(as) assintomáticos devem ser tratados como possivelmente infectados e solicitados a usar uma máscara e lavar as mãos frequentemente. Se sintomáticos, eles devem permanecer isolados e não comparecer à unidade;
  • As observações e avaliações maternas devem ser contínuas conforme a prática padrão, com a adição de saturação horária de oxigênio – procurar manter a saturação de oxigênio >94%;
  • Se a mulher tiver sinais de sepse, investigar e tratar de acordo com as orientações protocolares da unidade sobre sepse na gravidez, mas também deve ser considerado o Covid-19 ativo como causa de sepse e investigar de acordo com as orientações;
  • Dada a taxa de comprometimento fetal relatada na série de casos chinesa, a recomendação atual é de monitoramento fetal contínuo durante o trabalho de parto. Essa recomendação pode ser alterada à medida que mais evidências se tornam disponíveis;
  • Atualmente, não existem evidências que favoreçam um modo de nascimento em detrimento de outro e, portanto, o modo de nascimento deve ser discutido com a mulher, levando em consideração suas preferências, indicações obstétricas de intervenção e quadro clínico da mãe;
  • O modo de nascimento não deve ser influenciado pela presença de Covid-19, a menos que a condição respiratória da mulher exija um parto urgente;
  • O uso de banheiras de parto no hospital deve ser evitado em casos suspeitos ou confirmados, dada a incapacidade de usar equipamento de proteção adequado para a equipe de saúde durante o parto na água;
  • Não há evidências de que a anestesia peridural ou raquidiana seja contraindicada na presença de coronavírus. A analgesia peridural deve, portanto, ser recomendada antes ou no início do trabalho de parto a mulheres com suspeita /confirmação de COVID-19, a fim de minimizar a necessidade de anestesia geral, se for necessário um parto urgente;
  • Dada a falta de evidência em contrário, o pinçamento tardio do cordão ainda é recomendado após o nascimento, desde que não tenham outras contra-indicações. O bebê pode ser limpo e seco normalmente, enquanto o cordão ainda estiver intacto;
  • Em caso de piora dos sintomas da mãe, deve ser avaliado individualmente os riscos e benefícios da continuação do trabalho de parto, em comparação com o parto cesariano de emergência, se for provável que isso ajude os esforços para o tratamento da mãe.